Ainda ando a ler o "Ensaio sobre a Lucidez". A narrativa muda completamente de foco no ponto em que me encontro. O romance passa agora a tratar da missão super-secreta levada a cabo por 3 agentes da polícia. Não sei se Saramago usou o número 3 para criar a alusão aos famosíssimos "3 estarolas", mas as semelhanças parecem estar lá, e não consigo não desassociar estes 3 agentes da autoridade aos 3 comediantes.
Amanhã celebra-se a Imaculada Conceição. Isto torna a celebração do Natal algo estranha. Assumindo que o período de gestação de Jesus levou os 9 meses, como os comuns mortais, é curioso celebrar-se o seu nascimento mais de um ano depois do início da sua conceção.
Acho que o Natal está a dia 25 porque também calha numa qualquer celebração pagã que agora não me recordo o nome. Foi uma forma de "facilitar" a conversão de povos pagãos ao Cristianismo: "Vá, adere lá à nossa religião, que a gente mete para lá a vossa festa juntamente com a nossa e ficamos todos felizes".
Vacinação obrigatória: sim ou não? A vacinação é obrigatória para outras maleitas, certo? Difteria e tétano, para dizer algumas. Qual o argumento utilizado para que a obrigatoriedade da vacina da COVID seja contestada? É pelo facto que ainda não passou tempo suficiente para que tenhamos a completa certeza de que este líquido que nos foi metido pela veia é seguro o suficiente? E a partir de que momento é que faz sentido dizer que uma vacina é completamente segura? Não faço ideia sinceramente, não sou especialista na matéria. É que já vimos que o vírus parece que será uma espécie de primo imigrante de França: todos os anos vem cá lixar-nos o juízo. E também sabemos que este vírus parece ser muito mais imprevisível do que diz respeito aos efeitos que produz. Faz sentido tornar a vacina obrigatória, tendo em conta todos estes fatores: alta imprevisibilidade do vírus, incidência ad aeternum. Mas, por outro lado, não querendo ser um negacionista, também parece haver aqui um grande interesse financeiro por parte das empresas de vacinas. Acham que se as empresas de vacinação estivessem somente interessadas no bem-estar da população mundial, o viveiro de novas variantes - o continente Africano - estaria com uma taxa de vacinação tão reduzida? São países ao que parece que não conseguem comprar as vacinas. Ou se as conseguirem comprar, não têm infraestruturas suficientes para a inoculação da sua população.
Não tenho assim nada para partilhar hoje. Apenas que estou a gostar bastante da leitura do "Ensaio Sobre a Lucidez". Estou praticamente a meio do livro e a história está a ser bastante cativante. Temos um governo em guerra com a sua população. Mas o mais interessante é que o povo não é encabeçado por ninguém; não há um líder revolucionário carismático onde caem todas as responsabilidades e decisões. É uma "revolução do povo" no sentido mais estrito. É como se, tal como o título refere, tivesse dado à maioria da população um ataque de "lucidez", onde todas as pessoas fazem o que está certo instintivamente, sem a necessidade de um pastor que as guie.
Parece que estava a adivinhar a demissão do nosso ministro da administração interna, num post anterior. Parece haver algo de quixotesco neste ministro (agora que estou a ler o romance): temos alguém que tem uma imagem de si próprio que já chega a roçar a ilusão. Acho que se o romance fosse feito nos dias de hoje, Eduardo Cabrita serviria de inspiração para o personagem Alonso Quijano.
Acho que fui produtivo pela primeira vez no meu emprego desde há alguns meses. Tenho vergonha de dizer isto, mas sou um procrastinador nato lá no meu trabalho.
Acho que dou o meu emprego por garantido, por isso faço o mínimo possível para não ser despedido. Passo pelos pingos da chuva portanto. Se continuar assim mediocremente satisfatório, onde chegarei? Será que terei um aumento salarial mesmo assim? Será que progredirei na carreira? Será que os outros notam a minha preguiça? Ou é um dado adquirido e preferem ignorar? Por vezes debato-me com estas questões. Questões perfeitamente evitáveis se apenas fizesse o meu trabalho decentemente. Não teria de me preocupar com um despedimento iminente ou alguma conspiração nas minhas costas.
Ando a ler o "Ensaio Sobre a Lucidez" juntamente com o "D. Quixote" e há uma passagem que me fez lembrar o nosso ministro da administração interna (e outros também):
[..] mandar pisar os aceleradores a fundo, dobrar a velocidade, e assim mesmo se começou por fazer, com a alegria irreprimível dos motoristas oficiais, os quais, como é universalmente conhecido, detestam ir a passo de boi quando levam duzendos cavalos no motor.
É uma constante dos nossos ministros o excesso de velocidade nas suas andanças pelo nosso país.
Ando a ler o "D. Quixote de La Mancha". Mas será possível que O Cavaleiro da Triste Figura só faça merda onde quer que vá? Acho que D.Quixote deve ter sido o primeiro troll da literatura ocidental.
Hoje não tenho muito tempo para escrever aqui: foi o meu aniversário. Apesar de ser um anti-social autêntico, um bicho-do-mato, ainda tenho família com quem passar este singelo dia.
Por isso lamento muito, mas não vão haver disparates novos aqui adicionados neste dia.